Em período eleitoral, as redes sociais se transformam em campo de batalha e debate partidário. Embora haja uma sensação de liberdade, especialistas ressaltam que os usuários devem ficar atentos às consequências de algumas postagens e comentários, que podem inclusive influenciar os resultados das eleições.
Celso Figueiredo, doutor em Comunicação e Semiótica e professor de mídias sociais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que as redes sociais proporcionam a sensação de proteção de quem interage pelo fato de não se relacionar fisicamente.
– Essa sensação de liberdade absoluta faz com que muita gente poste coisas que jamais diria. As redes sociais se tornam um veículo de fluxo das emoções, então o debate ocorre com um viés de de paixão, não é assentado no racional.
Internet é uma vitrine permanente
Por mais que a sensação seja de que a internet é um ambiente intangível por ser virtual e que a pessoa associe isso a algo que se perde, é o oposto que ocorre:
– Uma vez postada, aquela mensagem pode sempre ser localizada e retomada, gerando mal-estar. Minha dica é sempre respirar antes de apertar o botão do enter.
Como manifestações virtuais influenciam
A LikeTell, empresa de inteligência em mídias sociais de Florianópolis, realizou o monitoramento das redes sociais de quatro candidatos ao governo de Santa Catarina. Paulo Bauer (PSDB) lidera a lista de pessoas que estão falando sobre os temas publicados. Claudio Vignatti (PT) lidera o número de postagens. Já Raimundo Colombo (PSD), apesar de ser o terceiro que mais publica, tem mais curtidores e maior média por postagem de comentários, compartilhamentos e curtidas.
Especialistas também garantem que as redes sociais podem influenciar nos votos e até nos resultados das eleições. Para o doutor em Comunicação e Semiótica, Celso Figueiredo, as redes sociais são importantes para a construção de opinião do eleitorado e os usuários que replicam informações de candidatos, por exemplo, auxiliam nesse processo.
Para André Lemos, doutor em Sociologia da Universidade Federal da Bahia, até a falta de neutralidade do sistema pode influenciar os resultados de uma eleição:
– O Facebook pode dirigir o interesse de um grande número de pessoas para um assunto e influenciar uma votação sobre determinado tema. Isso pode ser usado para mudar o resultado de uma eleição, já que o algoritmo não é neutro – acrescenta.
Candidatos desconhecem os potenciais da internet
Raquel Comin, diretora da LikeTell, empresa de inteligência em mídias sociais de Florianópolis, acredita que as redes ainda não recebem a atenção merecida durante as eleições. Para ela, os candidatos costumam dedicar-se ao horário político e às campanhas físicas, esquecendo os eleitores do meio digital.
– A estratégia deveria incentivar o engajamento. Existem várias formas de fazer isso, mas candidatos insistem em usar postagens no estilo propaganda de imagem.
Impacto das redes
Como o Facebook impacta ao disseminar mensagens políticas:
O especialista
- André Lemos, doutor em sociologia da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, ressalta que os algoritmos do próprio sistema não são neutros, pois a rede monitora o que você curte e depois indica assuntos relacionados ao seu gosto
- Então, um dos atributos mais importantes ao usar o Facebook é ter consciência: o que se curte é um disparador do que veremos, ou seja, uma espécie de curadoria sobre o que aparecerá depois
O facebook
- Procurado pelo DC, a assessoria do Facebook se pronunciou, em nota, justificando que a rede age sobre conteúdo denunciado e que esteja em desacordo com suas políticas e termos - Remover conteúdo, eleitoral ou não, depende de ordem judicial - A empresa diz estar preparada 24h para atender à Justiça Eleitoral e analisar conteúdos denunciados por meio do site. Para entender políticas e termos acesse: facebook.com/communitystandards |